Analise: Colheita Maldita 5 - Campos do Terror - 1998



Lançado em 1998, Colheita Maldita 5: Campos do Terror é mais um capítulo da icônica franquia de terror iniciada em 1984, baseada no conto de Stephen King. Neste quinto filme, a saga volta a explorar a fórmula das crianças assassinas influenciadas por uma força demoníaca conhecida como “Aquele Que Anda Por Trás das Fileiras”. A trama segue um grupo de jovens que, após um acidente em uma estrada isolada, se depara com uma comunidade sinistra de crianças em Divinity Falls, onde os adultos simplesmente não têm vez — ou escapatória. A premissa mantém o núcleo da franquia: um local afastado, jovens imprudentes, e o terror que brota entre plantações de milho regadas a sangue. Mas será que, em seu quinto filme, a série ainda consegue causar impacto? Ou já estamos diante de uma colheita repetitiva e sem vigor?

Logo de cara, o filme tenta se atualizar com uma estética mais urbana e personagens com aparência de jovens dos anos 90, incluindo uma protagonista interpretada por Stacy Galina, que tenta equilibrar sensatez e trauma pessoal. O diferencial dessa vez é o elemento emocional inserido na narrativa: uma das jovens do grupo descobre que a criança que eles encontram pode estar diretamente ligada ao seu passado. Essa adição emocional cria um certo vínculo entre os personagens, algo raro nos filmes anteriores da série, onde a maioria dos adultos servia apenas como carne fresca para o culto demoníaco. No entanto, apesar desse esforço para humanizar os protagonistas, o roteiro não desenvolve a tensão de maneira consistente. As mortes acontecem de forma previsível, e a direção de Ethan Wiley parece perdida entre homenagear os primeiros filmes e tentar modernizar uma fórmula já saturada.

Visualmente, Campos do Terror tenta fugir do visual sujo e rural dos filmes anteriores, trazendo um ambiente um pouco mais “estilizado”, com fotografia que busca contrastar o verde dos milharais com tons de pôr-do-sol e sombras ameaçadoras. Contudo, a estética noventista pesa em alguns momentos, tornando certos trechos datados, especialmente nos diálogos e figurinos. O destaque vai para a trilha sonora atmosférica, que ainda consegue criar tensão mesmo quando a narrativa não colabora. Já o vilão “Aquele Que Anda Por Trás das Fileiras” continua sendo mais uma entidade de sugestão do que uma presença real, o que é coerente com os primeiros filmes, mas aqui começa a mostrar sinais de desgaste, já que não há aprofundamento do mito e nem uma ameaça clara que evolua ao longo da história.

Apesar das limitações, o filme tem seus momentos de mérito. As crianças continuam sendo o fator mais perturbador — seus olhares frios, o fanatismo religioso e o comportamento psicótico criam uma sensação de desconforto que é marca registrada da franquia. Há também uma tentativa de ampliar o universo da série ao apresentar um novo local e novas vítimas, o que mostra que a produção ainda tentava manter a saga viva sem se repetir totalmente. Mas é inegável que a fórmula começa a se esgotar aqui: o terror deixa de surpreender, e o espectador mais experiente já prevê os rumos da trama desde o primeiro ato. As mortes, embora violentas, não são criativas o suficiente para marcar presença em uma franquia que já teve seus momentos genuinamente aterrorizantes nos primeiros filmes.

Colheita Maldita 5: Campos do Terror acaba funcionando como um filme de transição dentro da série. Ele tenta resgatar o horror do original, mas também flerta com uma abordagem mais emocional e contemporânea. O problema é que ele não se decide entre seguir o terror rural puro ou abraçar um drama sobrenatural mais elaborado. O resultado é uma obra mediana, que pode agradar aos fãs mais fiéis da franquia, mas dificilmente atrairá novos espectadores. Ainda assim, para quem acompanha a saga desde o começo, vale assistir como peça complementar — e entender como, mesmo em sua quinta tentativa, a colheita ainda tenta germinar no campo do horror, mesmo que com sementes cada vez mais fracas.

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